domingo, 23 de outubro de 2011

BB KING and ELVIS PRESLEY – De um rei, sobre outro rei.


Luciane Fiorin
BB KING and ELVIS PRESLEY – De um rei, sobre outro rei.
Vou transcrever para vocês um relato de B.B.King sobre a ascensão do Rock and Roll, em seu livro “Corpo e Alma do Blues”:
“A rapaziada branca gostava de música que ouvia no rádio; ela lhes fazia muito bem. Os racistas não podiam criar leis contra o gosto musical. E, junto com a música, essa rapaziada branca ouvia e conhecia a alma do povo negro. Conhecia, gostava e admirava nosso talento.
Por tudo isso eu me via dentro e fora ao mesmo tempo. Era incluído nos shows de Rock and Roll – me apresentei com Fats, Ray, Sam Cooke e outros grandes nomes – mas sempre fui do Blues. Eu me mantive à distância. Não me senti fazendo parte do movimento. Mas não queria que minha carreira acabasse.
Mais do que qualquer um, quem engatou a revolução na marcha certa foi Elvis. Quando voltei a Memphis, em 1956, Elvis já tinha ultrapassado o teto. Trocou a Sun Records pela RCA e estourou com Heartbreak Hotel, Don’t be cruel e Hound dog . Fiquei um pouco surpreso. Lembrava-me dele cantando no estilo country. Sabia que ele gostava de blues porque tinha gravado That’s all right, de Big Boy Crudup, mas agora estava cantando outra coisa: era R&B, feita por um jovem branco e bonito.
Gostei do que ouvi e gostei de Elvis. Meu conterrâneo do Mississippi impressionava por sua delicadeza. Ele participou da Goodwill Revue, uma campanha anual para crianças negras patrocinada pela WDIA. Era uma campanha importante .Toda a comunidade negra participava. Os deejays negros apresentavam números e boa música. Nos primeiros eventos, o programa começava com gospels e depois vinha R&B. Mas quando terminava a apresentação de gospel, os ministros levavam embora suas congregações. Então o Sr. Ferguson, proprietário da estação, inverteu a ordem e passou a tocar primeiro R&B, para que as pessoas assistissem ao show inteiro. Todo mundo achou ótimo, inclusive o pessoal do gospel.
Nesse ano, Elvis já era uma estrela de primeira grandeza. Foi na década de 50, e me lembro bem disso porque um jovem branco precisava ter coragem para assumir uma função exclusivamente negra. Acho que ele queria mostrar suas raízes. E que se orgulhava delas. Depois do show, Elvis fez questão de posar comigo para fotos e me tratou como um rei. Dizia a todo mundo que eu também o influenciara. Duvido que seja verdade, mas é bom saber que Elvis incluiu Memphis em seu desenvolvimento musical.
Não sou uma pessoa rancorosa. Elvis não roubou músicas de ninguém. Apenas interpretava de um jeito próprio as músicas que gravava. Eu também fazia isso; muita gente fazia. Elvis era uma pessoa íntegra.”
Espero que tenham gostado .
Beijos, Luciane.

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